sexta-feira, outubro 6

o último trato com o tempo

é melhor achar que vai tudo dar certo. era melhor saber mais. não era bom esperar. começei a pensar assim depois de me ver encurralada. algo simples como uma prova, ou várias delas, pode baixar sua pressão e destruir relacionamentos, mas nada disso eu queria.

estava numa beeeela tarde de sol, cheia de clichês típicos com direito a sorvete com namorada depois do almoço e visita ao museu antes dos compromissos. e claro que não continua assim. eu fumei um cigarro e achei ruim. ela tinha me pedido pra ascender, (obedeci) desistiu e me deu. nem palavras: olhei, traguei e brinquei com as cinzas. Eu era uma criança - exatamente com exclamações pensamentais - e chuvei** com sol nesse dia.

**eu

sexta-feira, setembro 9

Depois das brigas o silêncio instala-se

Parar? Não, foram apenas questionamentos, muita coisa dando errada sem que eu entedesse um flash, um instante ou um relance sequer. Calei. Fechei portas. Fugi. Ninguém mais sabe quem sou eu. Eu me desconheci para invertar-me novamente. Despedi-me. Chorei até não poder mais. Atrasei-me para o compromisso que julgava mais importante, por ter ido buscar futilidades na putaquepariu. "Desculpa, moça!"

E voltei? não, não, não... Contradições ecoam. Estou aqui, sem estar; seria esse o caso?! Que se danem. Quem se importa ainda?! Perdoões.

Gsotei de ouvir umas palavras. Quem não gosta de ter o ego massageado? Antes me acariciassem as costas. Sinto-me melhor agora. Sinto-me a melhor agora. Como sempre estive lutando para não sentir-me. E abandono o tratamento. É isso a amaturidade que queriam? Pois tomem-na para si. Eu desisto de me ser, nãoq uero masi conflitos, não espero mais harmonia, submeto-me passivamente. Aclamo-me alienantemente. Depois, um dia, serei - espero.

sexta-feira, julho 29

queria te telefonar e dizer que não estou mais à sua procura. isso seria te buscar, tenho certeza. querer contra a vontade, masturbar-se indesejadamente.
eu pego o celular para rever tua mensagem indesejada, quero alimentar uma raiva escondida, quero mostrar que não sou mais aquela a quem chamavas "amor". e você teima, eu também sou rebelde. você hostiliza-me, eu também finjo (mas olho enquanto seu olhar fixa-me).

quinta-feira, junho 23

entorpecer para sublimar

inalação vadia. vagabunda. usara todas as suas armas - seu cheiro, seu brilho - até conseguir me domar, dopar. fez-me cair aos poucos. vermelha que era e rosada como estava, me despiu. levou o pudor consigo. minha coragem de continuar e fiquei esperando-a voltar.

mas não. bateram na porta uma, duas, três vezes antes de entrar. velhos me colocaram numa cama. eram brancos, diferentes dela. eram todos carecas bonitos, como o avô da minha lembrança. fiz muito pouco pra demostrar amor. atingi poucos objetivos, mas sempre olhava-o com carinho. mas esse carinho de outrora, havia enterrado e esquecido (era preciso apagar certos resquícios do passado). como lembrei-me dele assim? junto com a dor e a solidão, foi trazido pela morte. em sua anunciação todas as vidas que fui, qualquer pedaço de mim semeado em outras épocas e meus sentimentos os mais profundos pareceram brotar em ritmo acelarado, mesmo que sem adubo, ainda que apenas para serem lembrados. nessa morte tudo renasceu em meio às pedras-árvores e galhos. talvez meu avô fosse o tronco!

abriram meus olhos: "siga a luz". havia um caminho brilhante que acompahei fazendo movimentos com a cabeça. eu não estava mais na minha casa (mas fazia tempo que isso acontecera, não foram eles os culpados, sim minha distância de). ninguém mais! nem a vermelha sedutora. nem mesmo eu estava ali. fosse o que foi, provavelmente aconteceu como queria. só meus olhos viam-me dormir para o nunca.

terça-feira, maio 24

**quadros & molduras

**
todos os outros são molduras. eu, quadro, pintura, imagem. numa parede opaca do quarto esquecido me penduro, escondida imagem pouco palatável, quem nela se reconhece? a exposição encontará seu briho sem obras de arte, já que estamos na pós modernidade. sem saber se classifico-me como banal ou singular, espero que alguém veja nada em mim.

**
quero ver escuridão, quero brotar nas pedras. ser futuro agora e esquecer lembranças depois. não fugir de mim ou de vc. a verdade é que não sei o que acontece quando me esquivo. não sei de muitas coisas que fingo ser especialista. preciso que vc me veja como nada. preciso ser nada por instantes. para desestituir as hierarquias. quero te levar àquele quarto onde pendurei essa imagem tosca de mim. tirar a moldura tão conhecida e explicar cada detalhe de mim. vc vem comigo?

sábado, maio 7

ERRO 404: a imagem não pôde ser exibida

ERRO 404: A IMAGEM NÃO PÔDE SER EXIBIDA
Essa imagem cobra decisões
minha foto é muda
e eu, nela, PERMANECOESTATICA
e, ela, alheia. cobra
ao olhar com olhos agressivos
fundos vestidos de lágrimas
E ela-imagem é ela, Outra que é.
p
a
r
a
d
a
que é.
e eu? onde está o caos

. e X PL odido

em mim?
em algum lugar esqueci
os desejos
-Ah imagem, me diz
se sobra Coisa ainda
algo comestível
qualquer combustível
pro risível riso.
Me diz: não se precisa de si
-"..."

-IMAGEM MUDA! (raiva)

Sobra sim, Coloque Seu Nome Aqui.
Sobra , eu sei
sobra VOCÊ:
( um resto)
sobra o que dos outros ainda se quer roubar
"semquerer", ex.construtor (desempregado já), isso sobra... , iço, ixo, isu, hizzû, ISSO?
Ei, Coloque seu Nome Aqui, jogo tudo no lixo?

terça-feira, maio 3

changes

sumiço, porque ele é necessário
sumi, pra mim
"sumindo dentro de si"
desesperada porque o que vi
não era imagem, nem pedaço, nem vida
Partir
paisagem irrefletível inflexibilizou-me
TudoQueSeÉ desfez-se numa semana
sem querer, pois ninguém controlou-me
ninguém pôs fogo nas lembranças

ah, mas eu só tenho cinzas sumidas
ah o que eu era
sempre foi algo que nunca fui.
mas o era pois ía sendo
e agora tenho saudades daquele outro
que sou eu.
doente louco que clama para que não o curem
minha doença foi a única que semper esteve comigo
doença-heroína
heroína-overdose
overdose-motivos
motivos-morte
morte-eu já cansei, já desisti, já batalhei, já encontrei, já vivi. já isso já [fulano já ...
jájá vão dizer que não
que nem sorte
ou Deus
nem mudei de idéia ainda
talvez

sexta-feira, abril 29

inconscientemente

Se estivesse só o momento seria diferente. Olhos parados. Boca semiaberta. Mais barulhos na sala.

Imaginou-se só. A luz do quarto piscava enquanto o grito era de morte. Estranhezas. Há alguns tempos atribuiria o fato ao Deus ou ao diabo, dependia de como estivesse espiritualmente. Virara bem materialista sem saber quando. Sem razões para o ser. Sem medos como antes. A vida era fácil e sem prazeres, já que não poderiam haver transgressões.

E desviou o olhar. Olhava-me tanto. Veio a idéia. Estaria louca? Não. Eram aqueles livros que incentivavam. Muita ficção verdadeira. Impulsionavam também faziam-na sentir-se bem. Bem inerte, vale salientar. Passiva em relação à vida. Sentido-se bem demais.

Talvez fosse essa a resposta que procurara naquele divã. Ou não, pode ser que sua vida seja mais complicada. Três sessões não resolvem. Muda. Quem? A palavra era muda. Ou ela mudara novamente.

Que ser inconstante que não sabe descrever-se. Não se apresentou. Ouvia os barulhos e concordava. Mas sabia que a vida era mais importante. Porque era agora. Sempre soube que antes nada existia. Para quê não ser então? Como? E seus cabelos caíam.

Procurara minha ajuda para enteder o porque. Para racionalizá-lo. Dar uma explicação melhor que aquela que já conhecia. E, apesar de não querer, ela me procurava. Todas as manhãs. E pensava. Disse-lhe o necessário. Questionei o resto. Que ela faça o caminho por si prórpia agora. Resolva as lições de casa como uma criança que ainda precisa de disciplina. Não quero mais ser mãe, nem ensinar como viver. Às pessoas a morte, de repente e quase sem querer.

que me falaram para que ficasse assim?

uma palavra muda
sem falar, muda
sem voz, muda
é muda?

é apenas uma palavra que não se escuta
que não escutei
o que farei com ela então?
ficarei muda

Surdei outra coisa
fui tateando nenhuma vibração
há quem cegue minhas emoções

mas a palvara continuava solta
a palavra
que surda
tateava
cegando-me

e me mudou.
A Palavra Muda

sábado, abril 23

associações estranhas


Lá estava a coca-cola. Nunca gostou daquela tampa verde. Light? Quem dizia que ela precisava emagrecer era o pai. Sempre obediente à sua própria maneira. O era sem que ele soubesse. Não se exercitava por vingança. Até perceber que sua vingança era um ódio muito preguiço, uma forma de dor. Aquela relação tinha algo de doentio, sabia. Patológico. Só que não entendia dessas doenças clínicas. Estudava, identificava-se, procurava-se. Mas ela estava apenas dentro de si, e só eles dois não sabiam disso.

E veio então a época em que sistematizava. Tudo? Não sei. Em algumas coisas não posso interferir, é melhor que ela descubra por si só. Não como aconteceu em sua última sessão na terapia. "Quer dizer que eu não sou ainda!?". E ela sentia-se estranha por sentir sentimentos tão antagônicos. Por um lado, o alívio era automático, era imprescindível. Talvez ainda seja. Ela não revelará. Sempre foi indefinida e o fato de "não ser ainda" a aliviava por fazê-la permanecer nessa posição. Um dia mudará. E ela terá de arrumar um outro tipo de mistério. Desesperar-se-á, acredito, e sua coragem é tão falha, tão artificial. Como ela se mantém estável é uma incógnita. Só que, por outro lado e também, ela sentia-se frustrada. Teria sido então todo aquele trabalho de autoconhecimento em vão, então?

Mas aquela mulher se atreve. Disse-lhe: não és! Ainda, ao menos! Que consolos inúteis não? Conselhos?! E aquele sentimento se expandia. Alastrava-se em seu corpo. Teria ela raiva por que? Entendia ser verdade. E como poderia aquela com quem se encontrava apenas casualmente conhecer-lhe melhor que ela mesma, que passou tempos em busca de si? Sim, sim, na verdade era tudo inveja o que sentia dentro desses questionamentos. Eis uma pessoa que a sabia melhor. Eis alguém que soube defini-la deixando-a em aberto: "defino-te como indefinida". Sem as esterilizações, sem caixas, sem etiquetas. "Seja!" Seria difícil aceitar. Aquela garota era egoísta demais para se mostrar aos outros. Principalmente sendo eles mudos de si. Orgulho maior que o próprio ego. Corroído, na verdade, estava este último.

E ela tem de concordar comigo. Se existia um doença visível era a neurose. Era apenas uma fingida psicótica, sabendo que sua essência se destruía seguindo tantas regras. E aquela mulher naquela manhã soube disso comigo. Soube como ninguém que seu medo era de si. Soube de suas intenções. E ali, sentada no chão do corredor a garota da coca-cola, detestando o cheiro de si, concordou com shopenhauer: não há nada depois da vida e, antes dela, eu nunca fui.