sábado, junho 12

e quando todas as fantasias se frustram?

Uma música triste de fundo consagra a decadência de uma era. Quem engravidará do futuro? Os minutos já passam apressados como efeito de entorpecentes – eles seguram-me de pé. A bagunça também já é normal: no quarto, lá fora e aqui. Ela se instala com uma enorme naturalidade, se apoderando dos cômodos. Confesso que é difícil andar sem pisar em mim. Humanamente é impossível seguir trazendo consigo essa mala de lembranças – feliz é aquele que não tem passado, diria o Beato Romano.

Em conseqüência desse ontem, meu mundo ruma para o segundo conflito generalizado, mal tendo se recuperado do primeiro. Onde estarão as indenizações merecidas? (ah... se ao menos o mundo não precisasse delas!) Onde estará também a paz pela qual tanto derramei este sangue? (mandam-me esperar na sala ao lado).

Duas opções restam: livrar-me de mim, projetando outros eus numa realidade fictícia; ou carregar o peso do passado, numa tentativa de desvincular-se da idéia de futuro que, no momento, encontra-se indissociável da visão do presente. Porém, diante da encruzilhada vital, tenho em todas as cartas um ponto único de encontro: a necessidade de libertação, independência. Pergunto-me como cortar os cordões umbilicais.

Insisto no nada. Caio, porque o efeitos vão embora certo momento deixando-me à sós com minha loucura, com minha outra faceta, com meu rosto desconhecido. Sem saber o que dizer, como ou o que falar vou conhecendo essa criatura inconsciente da verdade. Mas a vida agora é uma ordem – a vida apenas, sem mistificação.