sábado, junho 12

Duplicanto Experiências

Tô plagiando a Pequena hoje!

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Eu gosto de fazer as coisas mais de uma vez para poder gravar cada detalhe. Porque é fácil registrar as imagens, memorizar os lugares e lembrar dos nomes, mas é difícil fotografar os sentimentos. E eu queria guardá-los numa caixinha dentro de mim para, quando ficasse triste ou lembrasse de algo bom, os reviver.

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Sabe, existe memória fotográfica, memória olfativa. Estuda-se gastronomia e enologia. Quando pequenos, ou até mesmo velhos, as pessoas brincam de adivinhar os objetos apenas pelo toque. Enfim, será que ninguém vai se interessar por explorar os “sextos sentidos”? Sempre soube que ele existe. E quer exemplos? Você está cansado. Digamos que passou a noite fora, saiu dançou, conversou, etc. A primeira coisa que você quer é um banho ( e nada como um banho bem quente depois daquele show debaixo de chuva ) e uma cama ( ah... a cama ). Porra, você não lembra da cama, do chuveiro ou do banheiro. O legal é o sentimento que a gente guarda dessas coisas.

Sei que o que tal pessoal disse a você um dia aí fez você sentir-se de tal forma. Aí passam-se anos e você continua com raiva daquela dita cuja mal amada que nem lembra direito o nome. Isso é memória também. Hoje em dia toda vez que, quando eu freio, o carro fica muito junto do da frente; eu tenho a sensação da batida que causei há algum tempo. Não que eu queira repeti-la para me lembrar dos detalhes, mas eu fico me lembrando da cena e, na minha cabeça, cada segundo tanto pode durar tanto três horas, como pode passar como se fosse centésimos de milésimos. Isso porque eu não lembro do fato em si, pois ele é externo; mas lembro do sentimento causado pelo fato, lembro das conseqüências interiores. Acho que sentimentos, por serem resultados das situações que vivenciamos, são “criados” para existirem para sempre, são conseqüências eternas das escolhas que fazemos.

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David Berlo diz que a comunicação é algo interior. Ao criticar o modelo vertical da comunicação ele explica sua “teoria do balde”, que pressupõe que os significados estão nas palavras e que a comunicação consiste na transmissão de idéias de um indivíduo para o outro. Tal teoria exemplificaria o fato na idéia de que a comunicação ocorre quando informações colocas num balde por uma pessoa são despejadas na cabeça vazia de outras. Berlo afirma que os significados não estão nos símbolos, mas encontram-se nas pessoas: o que há são os significados que as pessoas têm.

Assim também são os fatos: eles só existem à medida que somos capazes de interpretá-los, de senti-los. O fato não dura mais que seu momento único de duração, a não ser que alguém o eternize dentro de si. Por isso queria eternizar minha vida do jeito que ela é e não essa versão distorcida que lembro d mundo e de mim. Viver duas cada coisa para que todas elas não tenham fim.

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Será que isso pode virar teoria também? Sabe eu pensei nisso de duplicar minhas experiências depois de assistir ao filme sobre Cazuza. Assistam!