quinta-feira, março 17

gazz

esquece

outro dia se fez noite,
outra vida sem que se ponha nomes
espaços inacabados
eu você, cacos fragmentados

bom dia, querida esquecida
sinto saudades de mim
mudei tanto, estou perdida
sei nem o que sentir

palavras não enviadas
olhares através de sílabas:
ciladas

entretanto se acaba
quando estás incluída:
aaaaaaaaaah... (nada!)




(em meio a surtos e barrancos, depois de explodido e falado aos cantos às paredes e ao ninguém que se sempre me pareceu perto demais. só ela é normal, mas cansei)

sexta-feira, março 11

Mil vezes sim!!!

Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim (...) O universo jamais começou (...) Como começar pelo início, se as coisas começam antes de acontecer? (...) A verdade é sempre um contato interior e inexplicável. A minha vida a mais verdadeira é irreconhecível, extremamente interior e não tem uma só palavra que a signifique (...) Se há verdade nela que cada um a reconheça.”
clarice Lispector, a Hora da EstRelaaaa

quinta-feira, março 10

Antiguidades, outras não

16.julho.2004

Cada um em seu quarto espera
O nada que tu colocas
Em homenagem a minha festa
(estou me despedindo como se cada momento fosse outra véspera)
(logo eu que sempre vivi de olhar para trás e admirar-me)

Nossos futuros se preparam para desencontrar-se
Eu estou com você vivendo longe de nós
Tantas línguas à nossa disposição
Apenas os orgulhos nos impedem
, assim, ficamos

a olhar cada novo dia, distantes
unindo-nos ao respirar o mesmo ar
por partilhar aquela canção
aquele passado
tantos “não”
outros calados
você se afastou de mim

adeus, Pai!

segunda-feira, março 7

PertiNENtes

E eu, que sou? O quê? O quê? O quê? Por quê? Sempre duvido, mesmo sabendo as respostas. E duvido sabendo que sei, enganando como quem não sabe de si. Engano a mim, aqueles que também fingem não saber, mas se sentem felizes, apesar de meu fingimento. Essas pessoas fingem que meu fingimento é de verdade. Por isso uma vida forjada que só vivo pela metade. Medo medo medo medo medo só eu o sei. Mas meu maior temor é para comigo mesmo. Se sempre fui quem sou, mesmo fingindo, quem é aquela do caderno azul?